Geoglifos Revelam Civilizações Antigas na Amazônia

Geoglifos Revelam Civilizações Antigas na Amazônia


A Amazônia, conhecida por sua vastidão e biodiversidade exuberante, guarda segredos que há muito tempo estavam ocultos sob suas densas copas de árvores. Em uma descoberta notável, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelaram a existência de geoglifos, grandes figuras geométricas marcadas no solo, que lançam luz sobre civilizações antigas que prosperaram na região amazônica séculos antes da chegada dos europeus.

Ao contrário dos métodos tradicionais que envolvem desmatamento para explorar o solo, os cientistas do Inpe utilizaram uma tecnologia inovadora que combina sensores a laser e satélites para mapear tridimensionalmente a superfície da floresta sem causar danos ambientais. Essa abordagem pioneira revelou geoglifos anteriormente invisíveis, proporcionando uma visão única da história da Amazônia.

 

Geoglifos: Marcas do Passado Emergem sem Desmatar

Geoglifos: Marcas do Passado Emergem sem Desmatar

Debaixo da densa biomassa amazônica, que totaliza impressionantes 75 bilhões de toneladas, os geoglifos surgiram como testemunhos silenciosos de civilizações antigas. Essas estruturas, que incluem trechos de estradas, aterros e valas defensivas, indicam a presença de aldeias e assentamentos organizados muito antes da colonização europeia.

Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, enfatiza a diversidade das funções dessas estruturas, desde a proteção de antigas aldeias até o papel crucial desempenhado em complexos assentamentos do passado. As marcas geométricas, inicialmente visíveis em áreas desmatadas, são agora identificadas sem a necessidade de prejudicar o ambiente, graças à tecnologia avançada do Inpe.

 

Explorando a Amazônia sem Desmatar: Tecnologia Lidar em Ação

Explorando a Amazônia sem Desmatar: Tecnologia Lidar em Ação

A pesquisa, recentemente publicada na revista Science, utilizou a tecnologia lidar (detecção e alcance de luz), na qual um pequeno avião equipado com um sensor a laser emite feixes tridimensionais para mapear o terreno. Aliando esses dados com informações de satélites, os pesquisadores mapearam menos de 0,1% da Amazônia e identificaram 24 geoglifos até então desconhecidos nos estados de Mato Grosso, Acre, Amapá, Amazonas e Pará. A estimativa é de que esse número seja apenas a ponta do iceberg.

Essas “cicatrizes” na floresta, como são chamadas as marcas reveladas pelos geoglifos, oferecem insights fascinantes sobre o manejo avançado dos povos originários em relação aos rios e à vegetação. Estruturas de áreas delimitadas, comparáveis ao tamanho de quarteirões urbanos modernos, e estradas conectando diferentes locais indicam uma sociedade complexa e organizada.

Amazônia: Monumentalidade na Paisagem Natural

A descoberta dos geoglifos na Amazônia está redefinindo nossa compreensão não apenas da história da região, mas também da relação entre os povos originários e a paisagem natural. Em um recente artigo publicado na revista Science, foram reveladas ruínas de cidades com 2.500 anos na selva equatoriana da Amazônia, e uma cidade maia totalmente enterrada foi descoberta no México no ano passado.

Essas descobertas estão aproximando a arqueologia da antropologia, proporcionando uma visão mais holística da cultura dos povos originários do Brasil. A antropóloga Joana Cabral, da Unicamp, destaca a monumentalidade intrínseca à floresta amazônica, comparando-a às pirâmides maias e às ruínas incas. Para ela, a Amazônia é a própria monumentalidade legada pelos povos que a habitaram, uma visão que nos faz repensar a magnitude das civilizações antigas e sua influência na paisagem natural.

Em um mundo onde a preservação ambiental é uma prioridade, a tecnologia inovadora do Inpe está não apenas revelando os segredos ocultos da Amazônia, mas também oferecendo uma abordagem sustentável para a exploração e compreensão de nosso passado. A cada geoglifo descoberto, a narrativa da Amazônia antiga se desdobra, convidando-nos a contemplar a riqueza cultural e histórica que se esconde sob a densa vegetação da maior floresta tropical do mundo.

Alex Sandro

Alex Sandro

Publicitário formado pela FURB, autor de Mega Interessante. blogueiro desde os 13 anos. Amante do cinema, geek e rock n' roll.

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