Os Países Que Ainda Possuem Territórios Ultramarinos: Presença Global no Século 21

Os Países Que Ainda Possuem Territórios Ultramarinos: Presença Global no Século 21


Você já se perguntou quais países ainda mantêm territórios espalhados pelo mundo? Mesmo após o fim da era dos grandes impérios coloniais, algumas nações continuam exercendo presença global por meio de territórios ultramarinos — regiões localizadas fora do território principal, com diferentes níveis de autonomia. Esses territórios garantem influência estratégica, cultural e econômica em diversas partes do planeta. A seguir, conheça os países que lideram essa lista e veja como suas heranças históricas ainda moldam o mapa geopolítico atual.

 

Martinica, território ultramarino francês
Martinica, território ultramarino francês

O que são territórios ultramarinos?

Territórios ultramarinos são regiões sob soberania de um país, mas situadas fora de seu território continental. Mesmo separados por vastas distâncias — muitas vezes em outros continentes ou oceanos — esses locais permanecem ligados ao Estado central. Essa conexão costuma ter raízes históricas, como processos de colonização, tratados internacionais ou ocupações estratégicas.

Embora não sejam Estados independentes, muitos desses territórios contam com algum grau de autonomia administrativa, jurídica ou política. Em outros casos, são administrados diretamente pelo governo central.

Sua importância varia conforme a localização e os recursos disponíveis: podem oferecer vantagens econômicas, como acesso a riquezas naturais, zonas de pesca ou atrativos turísticos, além de valor geopolítico e militar. Muitas dessas regiões possuem identidades culturais próprias, mas ainda compartilham aspectos fundamentais com o país de origem, como defesa, relações exteriores e, em alguns casos, a moeda oficial. A relação entre território e Estado central, porém, pode gerar debates políticos tanto internos quanto no cenário internacional.

 

Ilhas Cayman, território ultramarino britânico
Ilhas Cayman, território ultramarino britânico

1. Reino Unido – Herança do maior império da história

(17 territórios ultramarinos)

 

Territórios: Akrotiri (Forças Britânicas), Anguila, Bermudas, Território Britânico do Oceano Índico, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman, Dhekelia (Forças Britânicas), Ilhas Malvinas, Gibraltar, Guernsey (Ilha do Canal), Ilha de Man, Jersey (Ilha do Canal), Montserrat, Ilhas Pitcairn, Henderson, Ducie e Oeno, Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha, Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e Ilhas Turcas e Caicos.

 

O Reino Unido ainda mantém 17 territórios ultramarinos, herança direta de seu extenso império colonial. Esses territórios estão espalhados por diversos continentes e oceanos, refletindo a antiga amplitude do Império Britânico.

Na Europa, destaca-se Gibraltar. No Caribe, estão as Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman, Montserrat, Anguila e Turks e Caicos. No Atlântico Sul, encontram-se as Ilhas Malvinas (Falklands), Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, além do arquipélago de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha. No Pacífico, as Ilhas Pitcairn mantêm uma população reduzida. Além disso, o Reino Unido controla o Território Antártico Britânico e o Território Britânico do Oceano Índico. No Chipre, as bases militares de Akrotiri e Dhekelia continuam sob controle britânico.

Apesar da autonomia local em muitos desses territórios, a monarquia britânica ainda é representada por governadores nomeados, preservando o vínculo histórico com o Reino Unido.

 

Porto Rico, território ultramarino americano
Porto Rico, território ultramarino americano

2. Estados Unidos – Bases estratégicas e diversidade

(14 territórios ultramarinos)

 

Territórios: Samoa Americana, Ilha Baker, Guam, Ilha Howland, Ilha Jarvis, Atol Johnston, Recife Kingman, Ilhas Midway / Atol, Ilha Navassa, Ilhas Marianas do Norte, Atol de Palmira, Porto Rico, Ilhas Virgens Americanas e Ilha Wake

 

Os Estados Unidos administram cinco territórios permanentemente habitados: Porto Rico, Guam, Samoa Americana, Ilhas Marianas do Norte e Ilhas Virgens Americanas. Embora não sejam estados, essas regiões fazem parte dos EUA e seus residentes, em sua maioria, são cidadãos americanos — ainda que com direitos políticos limitados.

Além desses, o país mantém diversas ilhas desabitadas ou com presença militar, como as Ilhas Midway, Wake, Johnston e o Atol Palmyra, geralmente sob administração federal. Esses territórios cumprem funções estratégicas, servindo de apoio logístico e militar em áreas-chave do globo, especialmente no Pacífico. Também ampliam a influência dos EUA em rotas marítimas e zonas econômicas exclusivas.

 

Guiana Francesa, território ultramarino francês
Guiana Francesa, território ultramarino francês

3. França – A campeã global dos territórios ultramarinos

(13 territórios ultramarinos)

 

Territórios: Bassas da Índia, Ilha de Clipperton, Ilha Europa, Guiana Francesa, Polinésia Francesa, Ilhas Gloriosas, Guadalupe, Ilha Juan de Nova, Martinica, Maiote, Nova Caledônia, Reunião, São Bartolomeu, São Pedro e Miquelon, São Martinho, Ilha Tromelin e Wallis e Futuna.

 

A França se destaca por sua expressiva presença global, com 13 territórios ultramarinos espalhados pelos cinco continentes e três oceanos, cada um com estatuto e características únicas.

Na América do Sul, está a Guiana Francesa — que faz fronteira com o Brasil e representa a maior fronteira terrestre da França. No Caribe, estão Martinica, Guadalupe, Saint-Martin e Saint-Barthélemy. No Oceano Índico, Reunião e Mayotte reforçam a presença francesa. No Pacífico, encontram-se a Polinésia Francesa, Nova Caledônia, Wallis e Futuna, além do remoto Atol de Clipperton. E no Atlântico Norte, perto do Canadá, localiza-se Saint-Pierre e Miquelon.

Esses territórios ampliam a influência francesa, tanto política quanto militarmente, garantindo ao país uma presença relevante em regiões estratégicas do mundo.

 

Curaçao, território ultramarino holandês
Curaçao, território ultramarino holandês

4. Países Baixos – O Caribe Holandês em destaque

(6 territórios ultramarinos)

 

Territórios: Aruba, Bonaire, Curaçao, Saba, Santo Eustáquio e São Martinho

 

Os Países Baixos mantêm uma presença significativa no Caribe por meio do chamado Caribe Neerlandês, formado por seis territórios divididos em duas categorias: países autônomos e municípios especiais.

Aruba, Curaçao e Sint Maarten são países autônomos dentro do Reino dos Países Baixos, com autogoverno interno, mas sob responsabilidade dos Países Baixos em áreas como defesa e política externa. Já Bonaire, Saba e Sint Eustatius são municípios especiais integrados diretamente à administração neerlandesa.

Esses territórios têm importância cultural, turística e geopolítica, representando uma extensão da presença europeia na região caribenha.

 

Ilha Norfolk, território ultramarino australiano
Ilha Norfolk, território ultramarino australiano

5. Austrália – Presença estratégica no Pacífico e Oceano Índico

(6 territórios ultramarinos)

 

Territórios: Ilhas Ashmore e Cartier, Ilha Christmas, Ilhas Cocos (Keeling), Ilhas do Mar de Coral, Ilhas Heard e McDonald e Ilha Norfolk.

 

A Austrália possui vários territórios externos, reforçando sua posição estratégica no Pacífico e no Oceano Índico. Entre os mais conhecidos estão as Ilhas Christmas e Cocos (Keeling), localizadas no Oceano Índico, com comunidades residentes e relevância ecológica e logística.

Outros territórios incluem a Ilha Norfolk, a Ilha Macquarie e as Ilhas Heard e McDonald — estas últimas desabitadas, voltadas à pesquisa e preservação ambiental. A Austrália também reivindica o Território Antártico Australiano, que representa cerca de 42% da Antártida, embora essas reivindicações não sejam reconhecidas internacionalmente.

Com essas possessões, a Austrália amplia sua zona econômica exclusiva e fortalece sua atuação no Indo-Pacífico.

 



 

Casos Especiais – Regiões autônomas ou distantes com importância geoestratégica

Nem todos os países com presença fora de seu território continental tradicional possuem “territórios ultramarinos” no sentido estrito, como colônias ou regiões com autonomia formal em outros continentes. No entanto, alguns Estados administram regiões especiais, insulares ou distantes, que, apesar de plenamente integradas politicamente, mantêm características únicas, como isolamento geográfico, autonomia administrativa ou desafios logísticos e estratégicos.

 

Arquipélago de Svalbard região pertencente a Noruega
Arquipélago de Svalbard região pertencente a Noruega

6. Noruega – Presença estratégica nas regiões polares

(4 territórios )

 

Territórios: Ilha Bouvet, Jan Mayen, Ilha de Pedro I e Svalbard

 

A Noruega possui quatro territórios dependentes, que reforçam sua projeção geopolítica no Ártico e na Antártida. O mais emblemático é o arquipélago de Svalbard, no Oceano Ártico, com população residente e administração norueguesa sob os termos do Tratado de Svalbard, que permite a exploração por outras nações, sob soberania de Oslo.

Outro território no Ártico é a Ilha Jan Mayen, desabitada salvo por uma estação meteorológica e uma base militar, com importância estratégica e ambiental.

No Atlântico Sul, a Ilha Bouvet é um território subantártico remoto e desabitado, considerado uma das ilhas mais isoladas do mundo, sendo relevante para estudos ambientais e meteorológicos.

Por fim, a Noruega reivindica o Território da Rainha Maud, uma vasta área da Antártida. Embora a reivindicação esteja suspensa pelo Tratado da Antártida, ela é mantida simbolicamente por Oslo.

 

Ilhas Cook é um estado de livre associação a Nova Zelândia
Ilhas Cook é um estado de livre associação a Nova Zelândia

7. Nova Zelândia – Conexões estratégicas no Pacífico Sul

(3 territórios )

 

Territórios: Ilhas Cook, Niue e Toquelau

 

A Nova Zelândia mantém laços históricos e estratégicos com três territórios ultramarinos localizados no Pacífico Sul: Ilhas Cook, Niue e Tokelau. Esses territórios reforçam sua presença regional e refletem as complexas relações entre soberania, autogoverno e cooperação.

As Ilhas Cook e Niue são Estados em livre associação com a Nova Zelândia. Embora tenham governo próprio e conduzam suas relações externas de forma autônoma, mantêm uma forte ligação com Wellington, incluindo cidadania neozelandesa para seus habitantes e assistência em defesa e política externa quando necessário.

Já Tokelau, composto por três atóis, é um território não autônomo administrado diretamente pela Nova Zelândia. Pequeno e remoto, o território enfrenta desafios de conectividade e sustentabilidade, mas é foco de projetos de desenvolvimento e preservação cultural.

Além disso, a Nova Zelândia também reivindica a Dependência de Ross, na Antártida, embora, como outras reivindicações antárticas, esteja sujeita às restrições do Tratado da Antártida.

 

Ilha da Madeira é uma região autônoma de Portugal
Ilha da Madeira é uma região autônoma de Portugal

8. Portugal – Projeção atlântica com raízes históricas

(2 regiões autônomas)

 

Territórios: Açores e Madeira

 

Portugal mantém dois territórios ultramarinos com amplo grau de autonomia: os Arquipélagos dos Açores e da Madeira. Localizados no Oceano Atlântico, esses territórios reforçam a presença estratégica do país entre a Europa, a África e as Américas, além de desempenharem papel essencial na identidade nacional portuguesa.

Os Açores, compostos por nove ilhas, estão situados em posição central no Atlântico Norte. Com uma população residente e governo regional próprio, o arquipélago é relevante para comunicações transatlânticas, operações militares e estudos geocientíficos, sendo também um ponto de observação privilegiado para mudanças climáticas.

A Madeira, por sua vez, é formada pelas ilhas da Madeira e Porto Santo, próximas à costa africana. Conhecida por seu turismo, biodiversidade e autonomia política, o arquipélago também tem importância estratégica e econômica, com destaque para o porto do Funchal e a Zona Franca da Madeira.

Ambos os arquipélagos são Regiões Autónomas de Portugal, com representação no parlamento nacional, e ampliam significativamente a zona econômica exclusiva portuguesa, uma das maiores da União Europeia, projetando o país como um ator relevante nas questões marítimas e atlânticas.

 

As Ilhas de Faroé são uma região autônoma com governo próprio mas sub dependência da Dinamarca
As Ilhas de Faroé são uma região autônoma com governo próprio mas sub dependência da Dinamarca

9. Dinamarca – Reino com alcance ártico e atlântico

( 2 regiões autônomas )

 

Territórios: Ilhas Faroé e Groenlândia

 

A Dinamarca, embora geograficamente pequena na Europa, exerce uma influência territorial ampla graças a dois territórios ultramarinos: Groenlândia e Ilhas Faroe. Ambos integram o Reino da Dinamarca e desfrutam de amplo grau de autonomia política, mantendo laços históricos, culturais e administrativos com Copenhague.

A Groenlândia, a maior ilha do mundo, está localizada no Ártico e possui vastos recursos naturais, além de importância estratégica crescente diante das mudanças climáticas e da abertura de novas rotas marítimas. Embora faça parte do Reino da Dinamarca, tem governo próprio e condução independente de suas políticas internas, inclusive saindo da Comunidade Europeia (hoje União Europeia) em 1985.

As Ilhas Faroe, situadas no Atlântico Norte entre a Escócia e a Islândia, também têm autogoverno e controlam grande parte de suas políticas domésticas, incluindo a gestão de seus ricos recursos pesqueiros. Apesar disso, a defesa e a política externa permanecem sob responsabilidade do governo dinamarquês.

Esses dois territórios não apenas ampliam a zona econômica exclusiva do reino, mas também asseguram à Dinamarca presença significativa em debates internacionais sobre o Ártico, clima e segurança no Atlântico Norte.

 

As Ilhas Canárias são uma comunidade autônoma espanhola
As Ilhas Canárias são uma comunidade autônoma espanhola

10. Espanha – Projeção regional no Atlântico e norte da África

(territórios insulares e cidades autônomas)

 

Territórios: Ilhas Canárias, Ceuta e Melilla 

 

A Espanha mantém uma presença geográfica fora da Europa continental por meio de territórios insulares e enclaves africanos, com destaque para as Ilhas Canárias, Ceuta e Melilla, além de pequenos territórios costeiros conhecidos como plazas de soberanía. Embora todos sejam parte integral do país, esses territórios ampliam sua atuação estratégica no Atlântico e no Mar Mediterrâneo.

As Ilhas Canárias, situadas ao largo da costa do noroeste africano, constituem uma comunidade autônoma espanhola com importância logística, econômica e científica. O arquipélago permite à Espanha projetar sua presença no Atlântico médio e amplia significativamente sua zona econômica exclusiva, que se estende por milhares de quilômetros.

No norte da África, as cidades autônomas de Ceuta e Melilla oferecem presença política e militar direta em território africano, com impacto relevante na política migratória e na cooperação euro-africana. Complementam esse quadro pequenas possessões como o Peñón de Vélez de la Gomera, Peñón de Alhucemas e as Ilhas Chafarinas, que, embora simbólicas, reforçam a continuidade territorial espanhola na região.

Apesar de não possuir “territórios ultramarinos clássicos” como colônias ou territórios autônomos fora da Europa, a Espanha exerce uma projeção regional significativa no norte da África e no Atlântico, mantendo uma presença europeia estratégica além do continente.

 



 

Conclusão

Em um mundo cada vez mais globalizado, os territórios ultramarinos permanecem como testemunhas vivas de períodos históricos complexos e, ao mesmo tempo, como peças-chave na geopolítica atual. Seja por sua importância militar, econômica ou cultural, essas regiões continuam a influenciar decisões internacionais, tratados e disputas territoriais. Entender seu papel é essencial para compreender como as potências mantêm sua presença global — e como essas comunidades, muitas vezes esquecidas, enfrentam desafios únicos entre a autonomia e a dependência.

Alex Sandro

Alex Sandro

Publicitário formado pela FURB e autor de Mega Interessante. blogueiro desde os 13 anos. Amante do cinema, geek e rock n' roll.

Comentários

Post Anterior Lençóis Maranhenses: O Deserto Brasileiro Que Esconde Um Paraíso Azul